sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A Carta de Jânio

«_Eu até já vim nos jornais! Estou agora no asilo mas já tive o meu nome nos jornais!
_ Nem mais nem menos. Aqui o compadre Remexido já teve o nome nos jornais. Foi no tempo que o Jânio Quadros foi eleito para presidente do Brasil que o jornal trouxe o nome do meu compadre. Ele achou uma carteira aqui no mercado da terra e não descansou enquanto não encontrou quem a perdeu.
…A história veio publicada nos jornais e Jânio Quadros, que não concedeu entrevista e até passou de fugida por este país atlântico, entretinha-se, anonimamente, a ler os jornais na Praça da Alegria.
E leu a história maravilhosa do compadre Remexido que achando uma carteira recheada, não descansou enquanto não encontrou o seu legítimo possuidor.
_ O presidente escreveu-me! Eu não vejo a letra do tamanho dum burro, mas leram-me a carta tintim por tintim. E o meu nome veio outra vez nos jornais.
_É verdade, sim senhor! A história do presidente Jânio e do meu compadre Remexido veio também nos jornais.»

Do livro Alentejo Marginal de Manuel Geraldo.

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