terça-feira, 1 de dezembro de 2009

"Escrevo como quem lavra a terra"

CONTRATO

Lavrador da Sesmaria,
senhor de sete condados,
toda a terra que me deste
nessa charneca bravia,
era de rocha escarpada
perdida nos descampados!...

O gume da minha enxada
desbravou terra madrasta
_ que eu tinha a vida atrasada
e cinco filhos pequenos…

Abri fontes e canais
fiz hortejos e pomares.
E agora?! _ O que queres mais
Se não te faltam terrenos?

Invejas a minha sorte
e pensas dobrar a renda?
Não, lavrador, só por morte
me vencerás na contenda.

Lavrador da Sesmaria
tu não consegues tapar
este sol que me alumia
e tanto me faz suar!...

In “Antologia Poética” de Domingos Carvalho
(Edições Margem)

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