quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A "Aculturação" dos Filhos



É mais do que legítima a aspiração dos pais desejarem o melhor do mundo para os seus filhos; mas como as crianças são, por norma, influenciadas por aquilo que vêem fazer em casa, se nesse espaço iniciático não existirem hábitos de leitura, dificilmente eles trilharão esse caminho no futuro. Há pais que se esforçam até ao limite das suas capacidades económicas para que os seus filhos tirem um curso superior, só que muito raramente levam um jornal ou um livro para casa, não frequentam museus ou bibliotecas com a família e quando sintonizam a televisão é para visionarem somente programas desportivos ou de puro entretenimento, alguns deles de péssima qualidade. Muitas das crianças e adolescentes, com problemas de aprendizagem nas escolas e notas de baixo nível, cujos pais os trazem para as minhas consultas de psicoterapia, confessam que em suas casas não são motivados para a leitura, que estudam muito pouco, sendo de concluir que essa desmotivação está quase sempre directamente ligada ao desinteresse cultural dos seus progenitores, a quem nunca viram empenhados em aumentar os seus próprios conhecimentos. Um curso superior não se consegue apenas por um «passe de mágica», ou seja porque os pais que já alcançaram uma certa estabilidde económica desejam atingir através dos filhos a concretização de um sonho que ambicionavam para si, e que jamais realizaram, devido a múltiplos factores. Porque para que esse curso aconteça, não basta o dinheiro que se investe na escola estatal, ou, então, por facilitismo, no colégio particular ou na universidade privada, sendo necessário que os pais se esforcem por desenvolver os seus hábitos de leitura e a sua cultura geral, de forma a estarem preparados para acompanhar os filhos ao longo do seu percurso académico. Pois caso contrário, essas crianças dificilmente atingirão a tão sonhada licenciatura, ao serem educadas num ambiente «aculturado», sem ideias nem motivação.

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