terça-feira, 18 de novembro de 2008

Crianças com Necessidades Educativas Especiais




Em tempo de Escola Inclusiva todas as crianças em idade escolar vão para as Escolas Públicas ou Externatos, porém, algumas delas precisam de apoio mais individualizado para aprender.
Há uma diferença entre o saber fazer e o poder fazer.
Um bebé de seis meses não sabe andar. Um adulto com paralisia dos membros inferiores não pode andar. Para o fazer, necessita de uma cadeira de rodas.
Uma pessoa cega não pode ler com os olhos mas o faz através do tacto, pelo método braille.
Já a criança portadora de deficiência auditiva, para se comunicar vai inicialmente aprender a linguagem gestual, que tornará possível a aquisição da leitura e escrita, contribuindo de forma decisiva para sua autonomia.
No campo da deficiência mental, tudo se torna mais complicado porque um comprometimento neurológico ou cerebral poderá atingir várias funções cognitivas ao mesmo tempo. Entretanto, não podemos afirmar que a pessoa não é inteligente. Ela não pode manifestar a sua inteligência.
Nós devemos conversar muito com as crianças portadoras de défice cognitivo, mesmo que aparentemente elas não nos compreendam. A leitura diária de estórias é essencial para a aquisição de vocabulário. Ao porcionar-lhes diferentes actividades, sejam académicas, recreativas, artísticas ou culturais, contribuímos para alimentar-lhes o espírito e ajudá-las a interagir com o meio ambiente.
Assim como há seres humanos que, embora portadores de um cérebro normal, permanecem enclausurados na ignorância e cegueira internas, as pessoas com défice cognitivo são espíritos prisioneiros pois, as lesões cerebrais de que são portadores, impedem a recepção e transmissão das informações. Desde que tive tal percepção, procuro ajudá-los a se libertar…
Para enriquecer a vida interna das pessoas com necessidades educativas especiais desenvolvi uma abordagem inovadora no campo da reabilitação através de psicoterapia individual ou de grupo. A intervenção a nível individual pode acontecer numa sala, com o suporte (ou não) do divã, ao ar livre, ou ao telefone.Para se activar a comunicação podemos recorrer ao apoio de figuras, fotos ou jogos.
Os passeios terapêuticos são uma realidade no meu trabalho diário e muito bem aceite por pessoas com patologias diversas. Na minha actuação enquanto psicóloga há um fio condutor que me orienta: estimular a auto-estima.
Já nos grupos formados por 10 a 15 elementos, o fundamental da dinâmica das reuniões é o diálogo. A pessoa vai se comunicar como pode, através de um olhar, de sons não identificados, sinais, mímica, expressão corporal, palavras soltas, frases etc…Todos são, em primeiro lugar, seres humanos e qualquer tentativa de comunicação é sempre bem vinda.
A comunicação com o meio exterior, o ver-se compreendido, às vezes, após anos consecutivos de isolamento, é um factor altamente tranquilizante e reconfortante para a pessoa com défice cognitivo. Como terapeuta tenho verificado que mesmo pessoas com grave limitação intelectual conseguem captar interpretações profundas sobre a personalidade e se acalmam imediatamente. Isto demonstra que a capacidade de compreensão destas pessoas está muito além das nossas avaliações e, neste campo em particular, ainda temos muito que aprender.

1 comentário:

Anónimo disse...

Poder contribuir para a libertação e enriquecimento desses espíritos é simplesmente maravilhoso!!!